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um eléctrico chamado desejo

um eléctrico chamado desejo

borboletas

por motivo de desconfiança na minha saúde fiz um raio-x e descobri que o meu estômago foi invadido por borboletas. a minha esperança de morte tem os dias contados.

fala-me tu

Fala-me tu do Amor e dessa coisa esquisita que é o tempo com quatro dedos de distância entre o ardor das línguas e a asfixia dos corpos. Fala-me tu do Amor e desse desejo que arrasta a proximidade que anula todos os intervalos em pequenas existências que de tão insignificantes desaparecem numa doçura e amargura. Conta-me do constante faz e refaz, de ressuscitar e morrer, de adormecer e sonhar, do conforto da luz dos dias na realidade que nos mata. Porque do Amor também se morre e também se vive, como alimentação programada às calorias necessárias para respondermos. Al Berto

no ir está o voltar

atravesso o mar alto. depois de deixar o meu amor, no cais do porto, zarpei. choraram-se lágrimas de despedida. o sangue gelou como se tivéssemos entrado numa nova era glaciar. tive de pedir ao meu amor que me deixasse ir, sem vontade de largar a mão dada neste destino. o paradoxo viu-se no horizonte. pedi para deixar-me ir para não a perder. a única forma de não a fazer marear nesta viagem de alto mar. pedi que me deixasse ir nesta viagem por amor. pedi para ir com vontade de voltar. que o lenço com que acenaste seja o lenço com que enxugarei as lágrimas da felicidade, de te reencontrar no mesmo cais em que embarquei.

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