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um eléctrico chamado desejo

um eléctrico chamado desejo

fantasma

hoje serei um fantasma que vacila lentamente no susto do nó apertado da garganta. estarei como fantasma agarrado onde estiver a saudade. omnipresente no sentir que quer fugir e é agarrado pelas páginas de amor.

previsão

anoitece cedo e dou por isso. o escuro consome. da luz ao escuro são apenas milímetros. o mundo faz demasiado sentido para vivermos na penumbra. dispensava a noite entre nós. a noite não tem humanidade a não ser quando nos recolhemos nos braços do outro. quero o sol para evaporar os males. quero que a previsão de tempo seja a da humidade dos líquidos que chovem do amor. chuva com sol. parar a dança dos corpos.

bem-me-quer-(ao)quadrado

feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz-feliz-infeliz

amanhã

parti de uma ilha à deriva e choquei com um icebergue muito visitado. tenho medo de nadar e desço ao topo do oceano. daqui vejo nada. e nado na insónia. acordo para o sonho. amanhã.

o nosso passado

"Acho muito razoável a crença céltica de que as almas daqueles que perdemos estão cativas em algum ser inferior, num animal, num vegetal, numa coisa inanimada, efectivamente perdidas para nós até ao dia, que para muitos não chega nunca, em que acontece passarmos junto da árvore, ou entrar na posse do objecto que é a sua prisão. Então elas estremecem, chamam por nós e, mal as reconhecemos, quebra-se o encanto. Libertadas para nós, venceram a morte e tornam a viver connosco." "O mesmo acontece com o nosso passado. É trabalho baldado procurarmos evocá-lo, todos os esforços da nossa inteligência são inúteis. Ele está escondido, fora do seu domínio e do seu alcance, em algum objecto material (na sensação que esse objecto material nos daria) de que não suspeitamos. Depende do acaso encontrarmos esse objecto antes de morrermos, ou não encontrarmos." marcel proust - em busca do tempo perdido.

ruínas

tento ser preciso quanto ao quando o mundo ficou do avesso. tento mas desconheço o quando. fiquei sem acesso à memória do dia da invasão do (nosso) mundo. conservo apenas as ruínas. se tivesse perdido as ruínas tínhamos ficado sem nada.

subúrbio

o meu quarto é um subúrbio da noite. olho para o ar à procura de céu e só vejo teto. olhando para o teto encontro prazer debaixo dos lençóis. aí vejo estrelas de olhos gulosos. moro num subúrbio tropical.

ninguém

esta chuva que cai quebra a minha solidão. molha o silêncio em que estava mergulhado. no seu ruído naufrágo sem deixar rasto por entre o pensamento que me acolhe. e borbulho na imersão da saudade. sem grito de terror, porque ninguém me ouve do fundo.

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