a viagem
iniciei a viagem. esperei como quem espera adormecer e naquela noite segui. o sonho. aguentei na paragem o frio que que se espetava. passou um táxi e palpitei. exitei. era pegar ou largar. mas larguei porque não é mais rápido que se pode ir longe. e já estava à espera. há tanto tempo. não podia largar o que estava por chegar. esperar é uma virtude. mas quem quer ser virtuoso no frio da noite? é que estou só com o táxi. mas deixo-o ir. não era para mim. será para alguém que o queira. alguém que não espera. prefiro a paragem onde estou, enraizado nas pedras da calçada. olham para mim como quem olha com pena. enganadas que são estas duras pedras. deviam saber melhor do que eu, o que esperava. sempre estiveram ali. mas tanto olhar já não conseguiam ver. cegaram para quem lhes põe os pés em cima. censuro-as. nunca devemos cegar para o céu. é o que fazem as pedras, olham para o céu, impossibilitadas que estão de enxergar a vista que está cravada na terra. esperei e olhei como as pedras para o céu. e vi. vejo sempre coisas. mesmo que o céu seja um manto de breu. mas estava na hora. a hora dele que é também a minha. chegou o eléctrico e subi.